segunda-feira, 19 de março de 2018

Stone Town


Sei lá. Fico sentindo um "climão" pesado. Um certo desconforto... e aperto o passo. Não é medo. É outra coisa.
Me acho bocó por sentir isso enquanto ando por essas vielas estreitas chapadas de lojinhas e turistas.


A gente se perde e se acha o tempo todo. Já estive em lugares assim sujos feios abafados em outros cantos do mundo. De boa.


 Não sou nada fresca, adoro perambular, interagir e aqui é seguro. Câmeras de vigilância e guardas garantem a segurança neste enorme labirinto. Mas existe um pesar imenso nessa parte da cidade.


Os prédios e suas portas árabes entalhadas da época dos mercadores de gente e de especiarias, parecem que vão desabar a qualquer momento. Quase tudo está em péssimo estado de conservação.


De repente, se vê uma fachada restaurada. É um hotel 4 estrelas com preço de 5, as acomodações de 3 e serviço de 2. Rsrsrsrs.
Aqui é meio que assim. Nada muito confiável. É na sorte. Depois de alguns dias, a gente fica expert.


Nestes primeiros dias, estou em um hostal, pra não perder o costume. Mas vou me mudar. Arrumadinho, pessoal bacana e solícito,  porém o calor intenso, o colchão "ferra lombar" e o chuveiro conta gotas me empurram para um hotel com ar condicionado. Mesmo que funcione meia boca.


Os tours são superfaturados dependendo da cara ou do hotel do freguês. É cultural e eles nem se constrangem quando vc acaba fechando pela justa e honesta metade do preço.



Tenho que abrir um parêntese para os cafés e restaurantes que são muito bons. Achei incrível no meio de tanta falcatrua a comida tão gostosa, com excelente apresentação a um preço justo. Também estou comendo nas tendas de rua.



Você pede um feijão com arroz e peixe em um boteco e vem tudo arrumadinho além de uma delícia! Quem não gosta?


Estranho não ter lido sobre isso em nenhum blogue,  nem site de viagem. Li sobre o assédio dos atravessadores, guias, problemas com água e wifi, etc.


Quanto a isso tudo bem por que já cheguei vacinada de Arusha e do Kilimanjaro. Aqui é até menos. Acho que as pessoas preferem falar das praias selvagens lindíssimas (verdadeiras pinturas) onde ficam os resorts cinematográficos. E realmente são. Bom para se isolar de tudo ou para casais, em paraísos no meio do nada lá perto de coisa nenhuma. Não é meu caso. (Ô dó!)


Então, Stone Town é minha parada obrigatória! A capital do arquipélago. Daqui partem os passeios para todos os lugares e tudo mais. Prático! Restaurantes, lojas, o tradicional mercado, museus, mesquitas e muitos hotéis para todos os bolsos.


Aqui está a origem... a história. Patrimônio mundial tombado pela UNESCO. E parece estar prestes a tombar mesmo.
Muitos turistas. A cidade fervilha quase o ano todo! Sonho de consumo de todo lugar com essa vocação. E mesmo assim... muito muito abandonada.


As mulheres se cobrem com lenços super coloridos (lindos demaaaais) e vi poucas de negro. Aqui a maioria da população é muçulmana. A pechincha é obrigatória e os preços raramente etiquetados, já são dobrados ou triplicados.


Muita tranqueira bonita e embora nada seja muito barato, dá para comprar sim. É só não ter preguiça de pechinchar. Eu tenho. Mas comprei um vestidinho.
Acho que o pesar aqui é histórico.


Não senti a energia contagiante das tribos do norte.
É o tamanho da barbárie que aconteceu por tanto tempo neste lugar, sentido deste ângulo. O resultado palpável do lado de cá.


Tantas gerações se passaram... Desde que os árabes começaram o comércio humano.
Dói entrar no museu dos escravos, ver aqueles cômodos, utensílios, imagens, ler a respeito das ocupações, depois sair e olhar em volta.


Parados no tempo... As pessoas, as ruas e as casas. Sentir que esse local levará séculos para se recuperar. Se é que um dia vai se recuperar.Tenso.
Dá pra sentir. Juro que sinto. E sinto muitíssimo!


*Mas ó, os programas são imperdíveis. Já fiz 2 e amanhã vou mergulhar. Depois conto tudo.
*Eu precisava escrever logo sobre essas sensações antes que as perdesse nas belezas naturais deste paraíso.
*Se quiser saber a respeito da história da rota dos escravos em Zanzibar, dê uma lida  nos links que colei abaixo. Sou fã deste casal português. Um resumo bacana com uma ótima narrativa. Recomendo!

Carla Mota é geógrafa e Rui Pinto, físico. Mochileiros

https://www.viajarentreviagens.pt/tanzania/zanzibar-rotas-dos-escravos/
https://www.viajarentreviagens.pt/tanzania/stone-town-zanzibar/


2 comentários:

  1. Gostei de tudo que li. Aprendi e me diverti. Aiaiai...chegou a hora dos mergulhos huhu. ����

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  2. Muito bacana Sonia sua viagem! Adoro te seguir por este mundo afora.Bjs

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